‘Vem aqui, cara’, disse o motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira à esposa Kelly Ferreira, após ser atingido por um homem, de 33 anos, que conduzia um Porsche Cayenne e fugiu na noite do dia 22 de março. O acidente aconteceu na Rua Antônio Maria Coelho e o motoentregador morreu dois dias depois na Santa Casa da Capital.
O dono do carro de luxo se apresentou na delegacia somente duas semanas após o acidente e alegou que fugiu por ‘achar que não era grave’. Suspeito ficou com o Porsche parado de sexta a domingo, quando levou o carro para a casa do irmão e a peça danificada para um martelinho.
Em áudio desesperador enviado a esposa, Hudson pede que ela vá até o local do acidente o mais rápido possível. Ele teve a lateral direita da moto atingida pelo carro, que lhe causou fratura exposta na perna.
“Vem aqui, cara. Vem ligeiro, vida. Acabou com a minha perna, acabou”, diz o motoentregador. Logo, a esposa responde: “Estou indo aí, espera aí” e finaliza dizendo que outra pessoa também está a caminho para ajudar a socorrê-lo.
O motoentregador foi socorrido e levado para a Santa Casa, mas morreu na madrugada de domingo, dia 24 de março, por embolia pulmonar, politraumatismo, ação contundente devido à colisão automobilística.
Segundo a polícia, o suspeito, dono do Porsche, é proprietário de um bar na cidade e teria acabado de sair do estabelecimento, quando se envolveu no acidente, a caminho de casa. No carro, estava ele e um funcionário. O funcionário poderá responder por omissão de socorro por não ter prestado socorro ao motoentregador.
Sobre a demora para se apresentar na delegacia, ele alega que teria ficado assustado com a repercussão do caso. Porém, essa versão apresentada ainda será apurada pela polícia.
O empresário responde pelo homicídio culposo na direção de veículo automotor em liberdade. Isso porque o caso foi registrado em 22 de março como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
Já no dia 24, o caso foi alterado para homicídio, com a morte de Hudson. A partir daí a polícia tomou conhecimento dessa morte. Com 5 dias úteis dessa data, no dia 2 de abril, a delegada instaurou inquérito e iniciou diligências para identificar o autor do crime.
Com isso, a delegada Priscilla Anuda relatou que esse ‘sumiço’ de Arthur seria motivo para representar pela prisão preventiva. No entanto, ainda no dia 4 de abril, o advogado do empresário foi até a 3ª Delegacia e combinou para que o cliente se apresentasse na manhã seguinte.
Foi então que na manhã da sexta-feira (5) o suspeito se apresentou com os advogados. A delegada esclareceu que, caso o empresário não se apresentasse e continuasse escondido, evitando a responsabilização pelo crime, isso seria motivo para representar pela prisão preventiva.
No entanto, como o suspeito se apresentou espontaneamente, prestou esclarecimentos, também tem residência e trabalho fixos e não tem antecedentes criminais, a lei não autoriza a prisão preventiva.
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