Pamela Mirella, de 31 anos, travesti que estava internada e teve 90% do corpo queimado, morreu na madrugada desta terça-feira (21) na Santa Casa de Campo Grande. O crime ocorreu em janeiro, mês marcado pelo Janeiro Lilás, dedicado à visibilidade trans.
A agressão aconteceu na madrugada deste domingo (19), quando Pamela foi atacada por duas transexuais após uma discussão dentro de uma boate na capital. Expulsas do estabelecimento, as agressoras, identificadas como A.D.S.S. e H.R.G.S., planejaram o crime com frieza.
Segundo consta no boletim de ocorrência, uma delas comprou um galão de gasolina em um posto de combustíveis e, juntas, foram até a casa da vítima. Ao chamá-la no portão, jogaram o combustível sobre seu corpo e atearam fogo.
Pamela foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada à Santa Casa em estado gravíssimo. Ela ficou internada na UTI em coma, mas não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias depois.
A morte de Pamela ocorre justamente no mês da visibilidade trans, campanha criada para dar voz e chamar a atenção para a realidade de travestis e transexuais no Brasil. O Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro desde 2004, surgiu buscando ampliar a conscientização sobre os direitos dessa população.
Apesar de avanços na luta por reconhecimento e dignidade, a violência contra pessoas trans e travestis ainda é alarmante. De acordo com organizações de direitos humanos, o Brasil segue como o país que mais mata essa população, com assassinatos muitas vezes marcados por extrema brutalidade.
A ATTMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul) repudiou o ataque a Pamela, reforçando que, mesmo cometido por outras pessoas trans, o crime reflete uma sociedade intolerante que precisa evoluir no respeito ao próximo. "Independentemente de conflitos pessoais ou de quaisquer fatos envolvidos, este ato de violência é mais um triste reflexo de uma sociedade intolerante", declarou a associação em nota.
A entidade também cobrou das autoridades uma investigação rigorosa e a punição das responsáveis, além de reforçar a necessidade de políticas públicas eficazes que garantam não apenas segurança, mas também inclusão e respeito aos direitos das pessoas trans.
A brutalidade do crime mobilizou familiares e amigos de Pamela, que ajudaram a polícia a localizar as suspeitas. Elas foram encontradas e presas na madrugada desta segunda-feira (20) em uma pensão no bairro Amambaí.
A DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) realizou as prisões, e as acusadas foram autuadas por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil e uso de fogo. Com a morte de Pamela, o crime deve passar a ser tratado como homicídio.
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