No mês em que se celebra o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial, quando no Brasil também se comemora o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a Cidadania realiza uma série de ações dentro do calendário de 21 dias de ativismo em todo o Estado.
A data de 21 de março, nascida internacionalmente a partir do massacre de Sharpeville, em março de 1960, na África do Sul, quando num protesto 69 pessoas foram assassinadas e 186 feridas, vem ganhando no Brasil cada vez mais força como um dia de luta e enfrentamento a todas as formas de discriminação e racismo.
“A gente sabe que a luta, o enfrentamento ao racismo é o ano todo, mas essa data traz este recorte tanto nacional como internacional, em que mais uma vez vamos fazer o enfrentamento na questão do racismo, contra todas as formas de intolerância, e também por visibilidade, oportunidades e direitos”, explica a subsecretária de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte.
Recorte Nacional
Desde o ano passado, 21 de março ganhou também um simbolismo nacional, quando o Governo Federal instituiu como lei o Dia das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé como saudação a todos os povos de matrizes africanas, e valorização dessa importante manifestação cultural que enriquece e fortalece a diversidade do País.
“Ter um espaço no Brasil para essas manifestações da cultura afro-brasileira é também uma forma de enriquecimento da cultura e fortalecimento da nossa diversidade na sociedade brasileira em Mato Grosso do Sul”, completa a subsecretária.
21 dias de ativismo
Enquanto manchetes têm colocado o racismo em pauta, workshop de letramento racial transformaram biblioteca e pátio em salas de aula, e todos em alunos. Em Campo Grande, a Escola Estadual Maria Elisa Bocayuva, na Vila Margarida, abriu as portas para receber e trocar experiências na desconstrução das formas de pensar e agir tão naturalizadas e socialmente normalizadas em relação às pessoas negras.
“Somos seres sociais, e onde estamos nessas relações sociais, o racismo está impregnado. O enfrentamento a ele é constantemente feito mais pelas pessoas negras, o que buscamos é que o não negro também venha para esse enfrentamento, com ações antirracistas e o letramento racial que é o que faz com que as pessoas tenham a percepção de que existe o racismo na sociedade”, enfatiza Vânia Lúcia.
No pátio da escola, a técnica da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Irineia Cesário, conversa com os alunos, em um bate-papo sobre conceitos como raça, racismo e preconceito, além da história da data do dia 21 de março.
Em meio à aula de história das questões raciais, alunas do 9º ano do Ensino Fundamental, da Escola Estadual Maria Elisa Bocayuva, Marielly Akemi, de 13 anos e Vitória Gomes, de 14, falam sobre o que aprendem diariamente e em dias como estes. “Gosto como retratam mais os povos negros, destacando a importância deles”, conta Vitória.
A colega completa dizendo que são momentos assim que conseguem trabalhar a conscientização acerca do racismo.
“É um método para conscientizar as pessoas para que elas consigam entender a gravidade. Muita gente até já morreu por conta do racismo, é um método para acabar com este preconceito é conversar, porque apesar de tudo, são as nossas ações que afetam as pessoas, por isso é muito importante a gente se conscientizar”, ressalta Marielly.
Na programação também está a roda de conversa Mulher e Cidadania no Terreiro, em uma casa de axé no bairro Pioneiros, e o curso de letramento racial para ações afirmativas e políticas públicas nos municípios de Bataguassu e Brasilândia.
“Nós sentamos com os servidores municipais, com representantes do Conselho Municipal do Negro, Conselho de Prevenção e Legalidade Racial e com a Coordenação de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, trazendo um pouco dessa reflexão que o racismo está presente na sociedade, que é a nossa responsabilidade fazer o enfrentamento. Estamos apresentando algumas ações práticas também sobre o antirracismo, porque, como diz Angela Davis, não basta ser racista, nós temos que ser antirracista, e isso é para a população. Não é uma temática apenas da população negra, mas é uma temática de toda a população negra e não negra nessa luta, nesse enfrentamento ao racismo por uma sociedade antirracista”, sintetiza Vânia.
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