A partir de 1º de janeiro quem quiser casar-se na igreja católica na diocese de Campo Mourão terá que obedecer algumas normas um pouco mais rígidas. É o que está previsto em um documento elaborado pelos padres e o bispo Dom Bruno Versari, onde constam as principais orientações aos noivos. O livreto, com 33 páginas e temas divididos em tópicos, está disponível nas paróquias.
O principal objetivo das medidas, segundo o padre Wesley Almeida, é resgatar a celebração do matrimônio enquanto sacramento. “Ao longo do tempo foi-se acrescentando elementos que descaracterizaram o matrimônio enquanto sacramento para transformá-lo em ato social”, pondera o padre.
A tradicional entrada dos padrinhos, por exemplo, não será mais aceita. “No sacramento do matrimônio não existem padrinhos. Nunca existiu, na verdade. Pede apenas duas testemunhas para o ato religioso, nada mais. Com o tempo foi-se criando essa pompa, uma dimensão social e isso não comporta a realidade sacramental. Não será proibido ter essas testemunhas a mais, mas aquela entrada de padrinhos não vai ter mais”, avisa o padre.
Segundo o padre, após observar que ao longo do tempo a celebração do matrimônio foi perdendo sua essência enquanto ato religioso, a diocese achou viável elaborar um documento à luz daquilo que a igreja prescreve. “Depois de um ano de preparação junto com padres e o bispo, chegamos a um documento que entra em vigor em toda a diocese”, acrescenta. Vale lembrar que outras dioceses já adotaram essas normas há muito tempo. O padre explica que como todo sacramento, o matrimônio foi instituído por Cristo e confiado à igreja. “O sacramento tem que produzir frutos, no caso do matrimônio, na vida do casal. Inúmeras coisas que foram acrescentadas descaracterizavam o matrimônio enquanto sacramento e muitos noivos acabavam dando mais importância a esses elementos do que ao caráter religioso da cerimônia. Por isso trazemos essas orientações buscadas nas fontes da origem da igreja, que não são nenhuma novidade”, reforça.
A tradição de jogar arroz nos noivos na porta da igreja também está banida. “Entendemos o momento de alegria, porém não podemos agir somente pela emoção do momento, mas pela seriedade. Jogar arroz, além de significar desperdício, tem risco de acidente, sem contar que isso faz parte de uma superstição, o que também é contrário ao que prescreve a igreja”, enfatiza.
O padre afirma que hoje a igreja já consegue ter um diálogo melhor com os organizadores das cerimônias, bem como profissionais como fotógrafos e cinegrafistas. “A gente entende que os noivos querem registrar aquele momento marcante em suas vidas. Mas no momento da cerimônia o casal tem que estar inserido na celebração e não preocupado apenas com a pose para imagens”, observa. (Fonte: Tribuna do Interior)
Algumas normas do documento
- O matrimônio só será celebrado dentro do templo (igreja).
- A igreja não pede padrinhos, apenas duas testemunhas, que devem estar no lugar reservado já dentro da igreja (sem cerimônia de entrada)
- Se o padre escolhido pelos noivos for de outra paróquia, o padre da paróquia deve ser comunicado e dar autorização.
- Convidados que forem fazer leituras deverão estar vestidos de acordo com o espírito do ambiente, caso contrário devem utilizar veste litúrgica.
- Não é permitido mudar a disposição dos bancos da igreja para a celebração, nem usar pregos ou adesivos nos bancos, nas portas, paredes ou demais partes da igreja.
- Não serão permitidas músicas consideradas profanas, sertanejas, de filmes ou novelas, nem fundos musicais que possam abafar momentos significativos do rito.
- Existe um repertório musical já aprovado pela Pastoral da Música Litúrgica apropriado para a celebração.
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