O Governo do Estado licitará no próximo dia 14 de dezembro a pavimentação do trecho de 765 metros da Estrada Ecológica MS-450, em cuja extensão de revestimento primário foram localizados sítios arqueológicos nas faixas de domínio que remontam ao período pré-indígena. A estrada liga os distritos de Palmeiras e Piraputanga, entre os municípios de Dois Irmãos do Buriti e Aquidauana.
Com recursos do Fundersul, foram investidos R$ 17,6 milhões no asfaltamento de 18,4 km da estrada, obra entregue em dezembro de 2019 pelo governador Reinaldo Azambuja, sendo suprimido o trecho de 765 metros, a pedido do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional), devido à ocorrência de fragmentos cerâmicos deixados por antigas civilizações que habitaram a região.
Atendendo reivindicação da comunidade local e do trade turístico, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) formalizou um acordo com o Iphan, no sentido de criar um plano de manejo dos sítios arqueológicos, para retomar a conclusão da obra emblemática para aquela região e pavimentar o trecho em questão. A tomada de preço nº 174 será abertura no dia 14 de dezembro, às 8h, na sede da agência.
O Iphan informou, em nota, que em continuidade aos trabalhos arqueológicos que vem sendo desenvolvidos, foi solicitado pela autarquia o envio de um Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico, que a partir de análise técnica foi observada a necessidade de serem solicitadas complementações, as quais serão cumpridas pela Agesul. Equipe de arqueologia do Iphan acompanhará a obra.
Atrativo turístico
A pesquisa da área de ocorrência arqueológica – cerca de 2,5 km dentro da faixa de domínio da estrada, no pé da morraria da Serra de Maracaju – foi iniciada pelo Governo do Estado durante a pavimentação da MS-450 e terá sequência, à cargo do pesquisador Gilson Martins, com mais de 30 anos de experiência no setor. Em escavações, foram encontras ferramentas de pedra que datam três mil anos.
Escavações: fragmentos encontrados datam três mil anos
A MS-450 é classificada como Estrada Ecológica e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de 10 mil hectares, criada em 2000. O complexo e diversificado ambiente exigiu uma intervenção monitorada pela Agesul para cumprimento das exigências da licença ambiental, incluindo o levantamento arqueológico. O professor Gilson Martins sugere a criação de um museu a céu aberto para visitação.
Com 55 km de extensão, do trevo com a BR-262 a Aquidauana, a rodovia é o principal acesso aos distritos, privilegiados pelos recursos naturais situados no entorno dos paredões de arenito, ambiente esse cortado pelos trilhos da antiga ferrovia e pelo rio Aquidauana. O local recebe pescadores e amantes de esportes radicais, como trilhas e escaladas, e conta com estrutura de hotéis, pousadas e pesqueiros.
Texto: Sílvio de Andrade/Fotos: Edemir Rodrigues
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