Em 15 de novembro de 1.989 os moradores do Assentamento Nova Esperança, em Jateí, ganhavam sua primeira seção eleitoral, pondo fim a transtornos de um deslocamento de quase 50 quilômetros para exercer o voto. O fato é relembrado por José Roberto Duran André, então presidente da sonhada seção, cuja urna foi transportada em sua moto até o núcleo urbano da gleba.
Na época, Zé Roberto era cartorário no distrito de Nova Esperança e foi designado para presidir a seção no assentamento. Ele lembra que articulou junto a Polícia Militar seu deslocamento até a gleba. No entanto, a viatura policial apresentou problemas e ele então utilizou sua motocicleta de 125 cilindradas , com a urna em mãos – o voto era manual e o invólucro era de pano – e partiu rumo ao assentamento.
Zé Roberto relembra com riqueza de detalhes o desafio de garantir a primeira votação aos moradores do assentamento no local onde vivem. Ele conta que saiu às 7h20m do distrito de Nova Esperança, em estrada de chão, cortando caminhos por fazendas, entre elas a Ajuricaba, para chegar mais rápido na gleba. Ele conseguiu fazer o percurso de mais de 40 quilômetros em meia hora, sendo que às 8h do dia 15 de novembro de 1.989 – a eleição na época era nesse dia – iniciava a votação no prédio onde funcionava a Escola Jovelino Celestino dos Santos.
Prédio onde funcionava a Escola Jovelino e a unidade escolar hoje, onde funcionam duas seções eleitorais
Neste dia, o povo brasileiro voltava a eleger, pelo voto direto, seu presidente da República depois de 29 anos, sendo 25 de ditadura militar no país.
A primeira seção eleitoral no assentamento teve Zé Roberto como presidente da mesa receptora de votos, tendo como mesários Valmir Domingos da Silva, Romilda Dalazen, Creuza Alves da Silva e Rubens da Silva.
A instalação da seção eleitoral no Assentamento Nova Esperança acabou com o sofrimento de centenas de pessoas. Nas eleições de 1,988 -um ano antes – os eleitores se deslocaram até o distrito de Nova Esperança em cima de caminhões caçambas. No trajeto, eles foram surpreendidos por uma chuva torrencial e todos – homens e mulheres – chegaram molhados para exercer o voto para prefeito e vereador.
As eleições de 1.988 em Jateí elegeu pela primeira vez o atual prefeito Eraldo Jorge Leite ao cargo. Quando soube do sofrimento do povo, Eraldo iniciou um movimento local junto a Justiça Eleitoral da comarca para a instalação de uma seção no próprio assentamento. A luta foi vitoriosa, a gleba ganhou sua seção na época e, hoje, na Escola Jovelino funcionam duas seções para dar mais agilidade no processo de votação.
Para as eleições de 2020, a logística para deslocamento das urnas para o Assentamento de Nova Esperança será bem diferente de 31 anos atrás. A Justiça requisitou e a Prefeitura cedeu uma moderna camioneta com motorista a disposição para levar confortavelmente os trabalhadores da democracia e seus instrumentos.
Zé Roberto deixou o cartório de Nova Esperança depois porque ele foi absorvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele então mudou-se para Fátima do Sul, onde dá expediente no Fórum da Comarca como analista judiciário. Atualmente ele faz parte da junta eleitoral que ajuda o juiz eleitoral na coordenação das eleições na comarca, que compreende os municípios de Fátima do Sul, Vicentina e Jateí. Como representante da junta, ele vai trabalhar neste dia 15 onde há 31 anos instalava a primeira seção eleitoral, na Gleba Nova Esperança.
Zé Roberto, além de morar em Jateí por muito tempo, também tem fortes raízes familiares no município. Ele é casado com Rosimeire Alves Duran, irmã da Rosana da Câmara e cunhado de Valceni da Tributação da Prefeitura e também do professor Rubens da Silva. O analista judiciário recebeu em 1.996 o título de Cidadão Jateiense.
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