A safra de cana 2007/08, que começou esta semana a ser moída no Centro-Sul, deve permitir um aumento considerável na produção de álcool, mas o consumo interno também deve crescer, absorvendo parte desta expansão, assim como as exportações.
As previsões são do diretor do departamento de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan, que prevê uma maior estabilidade de preços, justamente devido à ampla oferta.
"Possivelmente a safra vai ser ótima. Teremos uma imensa safra de cana e muito álcool", afirmou Bressan durante um seminário da consultoria alemã F.O. Licht.
Ele afirmou que projeções apontam para um aumento de pelo menos 10% na safra de cana, o que poderia elevar a oferta de álcool do Centro-Sul para perto de 20 bilhões de litros.
"Vamos ter condições de abastecer a demanda aumentada", disse ele, acrescentando que prevê estabilidade de preços. "Se na entressafra os preços ficaram estáveis, não tem por que os preços não ficarem estáveis na safra."
Bressan afirmou que, considerando o aumento da oferta, técnicos do Cima devem se reunir nas próximas semanas para avaliar o aumento da mistura de álcool na gasolina, dos atuais 23% para 25%, conforme foi pedido pelo setor.
"Se a safra for boa, não tem motivo para não subir (a mistura), com os preços mais estáveis", disse ele, frisando que a decisão sobre o possível aumento ainda não foi tomada. Ele afirmou ser mais provável que a mudança ocorra em maio, quando todas as usinas do Centro-Sul terão entrado em operação.
Exportações - Bressan prevê um possível aumento nas exportações de álcool em 2007, inclusive para os EUA, apesar da taxa de importação.
"É provável que as exportações fiquem um pouco acima, porque o mercado norte-americano funciona como uma válvula de escape. Mesmo que haja prejuízo na exportação (com a tarifa), ainda é negócio exportar para manter um nível razoável (de preços) no mercado interno", afirmou o diretor.
Em 2006, o Brasil exportou cerca de 3,5 bilhões de litros de álcool, sendo que mais da metade foi embarcado diretamente para os EUA. O petróleo caro e uma escassez de álcool no mercado norte-americano serviram de estímulo aos embarques, que foram bastante rentáveis para as usinas brasileiras, apesar da tarifa.
Para Bressan, 2 bilhões de litros de exportação para os EUA são "uma possibilidade forte" durante a safra 2007/08.
Ele acrescentou que o atual patamar do álcool no mercado interno, em torno de 0,80/0,85 real por litro é um "bom preço, tanto para o consumidor quanto para o produtor." A frota de veículos flexíveis está próxima dos 3 milhões de unidades, o equivalente a 15% da frota nacional.
Projeção do ministério aponta que em 2015 esses veículos devem responder por 70% da frota brasileira, consumindo algo próximo a 30 bilhões de litros/ano - considerando que 100% usem álcool. Normalmente, esse percentual gira em torno de 80% a 85%.
Bressan afirmou ainda que o mercado de açúcar pode trazer problemas para o setor em 2007, considerando o atual nível do câmbio.
Há cerca de dois anos, com o açúcar na casa dos US$ 0,08 por libra-peso em Nova York, o produto remunerava mais os brasileiros do que o patamar atual, de 10-11 centavos, devido ao dólar, que naquela ocasião valia cerca de R$ 3 contra os atuais R$ 2,1. "E o açúcar a 11 centavos representa um guarda-chuva para produtores do mundo inteiro", disse ele.
Redação Terra
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