Mudar um comportamento adquirido durante anos, como o de comer o que se quer, é mais difícil do que parece. Para pessoas que descobrem o diabetes tipo 2, em geral após os 40 anos, controlar os gramas de carboidratos consumidos a cada refeição, abandonar os pratos gordurosos e doces e reduzir a quantidade de alimento é mais difícil até do que as picadas para medir a glicose ou tomar insulina.
Todo paciente é orientado sobre os riscos do excesso de açúcar no sangue, como a predisposição a infartos, derrames, doença renal crônica, cegueira e amputação de membros (porque muitos diabéticos perdem a sensibilidade de partes do corpo e eventuais feridas abrem caminho para infecções). Mas todas essas informações não bastam para vencer o desejo de ter uma vida como a da maioria, que come um docinho depois da refeição e toma uma cerveja no fim de semana.
Profissionais de saúde
Promover mudança de comportamento é um desafio, também, para os profissionais de saúde que lidam com diabéticos. Às vezes é preciso recorrer à criatividade para ensinar o paciente a se alimentar direito e cuidar da saúde. Especialmente quando se trata de crianças ou analfabetos. A necessidade de educar esse público fez com que a enfermeira Maria das Graças Velanes, do Cedeba, criasse uma série de jogos, que ensinam a quantidade de carboidrato de cada alimento, a administrar a medicação e a cuidar dos pés de forma lúdica. A iniciativa teve tanto efeito que o material foi patenteado e passou a ser comercializado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
Programas de educação também são essenciais para médicos e outros profissionais que atuam na atenção básica à saúde, rede de entrada dos pacientes no sistema público. “Em cidades do interior do Brasil, o médico muitas vezes não tem informação para lidar com o jovem que sofre de diabetes”, ressalta a endocrinologista Denise Reis Franco, coordenadora de educação da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).
Assim como o Cedeba orienta centros de atenção básica em toda a Bahia e promove educação à distância, a ADJ também promove um curso de qualificação para profisionais de saúde que já envolveu 800 profissionais de nove cidades brasileiras.
*A editora viajou ao "Diabetes Summit for Latin America" a convite da WDF, da Organização Pan-Americana de Saúde (Paho) e do Ministério da Saúde
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