“O Pé-de-Meia dá condições para que pessoas como eu alcancem seus sonhos. Eu gosto muito da palavra equidade, que é dar condições iguais para o acesso. As realidades no acesso à educação no Brasil são muito diferentes. Uma coisa é a realidade de um aluno que só estuda, outra é a daquela pessoa que precisa pegar duas horas de ônibus para ir trabalhar depois da escola. Essa pessoa seria eu. O Pé-de-Meia me ajudou a apenas estudar e não precisar trabalhar durante o ensino médio. Eu não conseguiria ser aprovada em um curso tão concorrido se não pudesse me dedicar aos estudos”, contou Joyce Lourenço.
Fotos: Ricardo Stuckert/PR e Luís Fortes/MEC
Fotos: Ricardo Stuckert/PR e Luís Fortes/MEC
A adolescente de 18 anos, moradora de zona rural do Distrito Federal, foi acompanhada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo ministro da Educação, Camilo Santana, a uma agência da Caixa nesta quarta-feira, 26 de fevereiro, para conferir o saldo da sua conta do Pé-de-Meia. Ela recebeu R$ 1.200 de depósito nesta semana, junto aos outros participantes do programa que concluíram o ensino médio em 2024 e participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O Pé-de-Meia dá condições para que pessoas como eu alcancem seus sonhos. Eu gosto muito da palavra equidade, que é dar condições iguais para o acesso. Eu não conseguiria ser aprovada em um curso tão concorrido se não pudesse me dedicar aos estudos.” Joyce Lourenço, estudante da rede pública aprovada em medicina na UnBJoyce já tem destino certo para o dinheiro: vai guardar para os gastos com materiais da faculdade de medicina, que vai cursar na Universidade de Brasília (UnB). A estudante foi aprovada em outros três processos seletivos para o mesmo curso em universidades públicas e ganhou bolsa de 100% no Programa Universidade para Todos (Prouni).
"Ela é um exemplo extraordinário de dedicação, de fé em Deus, de crença e de muito amor pelas coisas que ela faz. Ela veio receber o Pé-de-Meia dela, vai depositar na poupança porque não quer gastar, quer usar com o curso dela. Eu acho que ela é uma referência para quem quiser vencer na vida", disse o presidente.
Transformação social – A família de agricultores planta o que come no terreno de casa. A única renda vem do trabalho do pai, com serviços gerais. Joyce e a irmã, de nove anos, sempre estudaram em escolas públicas próximas à comunidade Incra 9, em Ceilândia. Mas, ao chegar ao ensino médio, a menina percebeu que era preciso deixar a zona rural com o objetivo de se preparar para o vestibular e foi morar com uma tia em Samambaia.
Com metade do valor que recebia mensalmente do Pé-de-Meia pela frequência na escola, pagava a internet da casa da tia para estudar e guardava o restante na poupança, o que a ajudou a comprar um tablet no final do ano passado para usar durante a faculdade. “Na cidade, as pessoas têm tantos recursos! Biblioteca com muitos livros, cursinhos, cursos de línguas... Ia ser impossível fazer isso na zona rural”, disse.
Joyce agarrou todas essas oportunidades que surgiram pelo caminho. No Instituto Federal de Brasília (IFB) campus Samambaia, instituição vinculada ao MEC, fez um cursinho preparatório para o Enem, que lhe rendeu outra bolsa, para ajudar com as despesas de alimentação e transporte. E ainda estudou espanhol e inglês no Centro de Línguas Interescolar do DF (CIL).
“Desde que passei, percebi que tudo que depende do meu esforço eu posso fazer, não sou incapaz nem menos merecedora que outros. Pensava que medicina não era para mim, porque não tinha nenhuma referência de médicos que vieram de uma realidade parecida com a minha. Pensei, por muito tempo, que a UnB não era um lugar para gente como eu”, lembra, contando que passou na seleção da universidade pelo sistema de cotas. “Percebi que meu lugar é na universidade pública, sim, que somos nós — que viemos de escolas públicas, negros, indígenas — que temos que ocupar esse lugar.”
Pensava que medicina não era para mim, porque não tinha nenhuma referência de médicos que vieram de uma realidade parecida com a minha. Percebi que meu lugar é na universidade pública, sim, que somos nós — que viemos de escolas públicas, negros, indígenas — que temos que ocupar esse lugar.” Joyce Lourenço, beneficiária do Pé-de-Meia
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