Menu
FARMÁCIA_CENTROFARMA_FULL
sexta, 22 de novembro de 2024
FARMÁCIA_CENTROFARMA_FULL
Busca
Busca
Trabalha na lavoura

Boia-fria que ganha R$ 1.000 semanais compra 4 casas

Enfrentou tempos difíceis nos canaviais

27 Abr 2015 - 07h49Por Folha

Ele chegou ao interior de São Paulo em 1987, apenas três anos após o chamado Levante de Guariba, movimento de boias-frias que resultou na melhoria das condições enfrentadas nas lavouras de cana-de-açúcar.

Enfrentou tempos difíceis nos canaviais de Guariba (a 337 km de São Paulo) e de cidades vizinhas, como Pontal e Pradópolis, como trabalhar sem registro em carteira, sem banheiro no campo e sem ao menos um lugar à sombra para descansar durante a jornada diária. Mas diz não se arrepender.

Aos 48 anos, Valdomiro Rodrigues ainda atua no corte da cana. É um dos poucos a persistir na atividade na macrorregião de Ribeirão Preto, que a cada ano emprega menos nas lavouras paulistas, devido ao avanço da mecanização.

Natural de Minas Novas, cidade de 30 mil habitantes no Vale do Jequitinhonha (MG), ele não se arrepende porque, graças à cana, comprou quatro casas em Guariba. Mora em uma delas e aluga as outras três –”pequeninas”, segundo ele–, que lhe rendem pouco mais de R$ 1.000 mensais.

Valdomiro Rodrigues ao chegar da colheita de cana - Silva Junior/ Folhapress

Valdomiro Rodrigues ao chegar da colheita de cana – Silva Junior/ Folhapress

O valor se soma aos cerca de R$ 1.000 que recebe por semana trabalhada durante o plantio da cana. Mas não é sempre que tem serviço.

“Muita coisa mudou. As condições de trabalho melhoraram bastante, mas, por outro lado, muitas usinas fecharam devido à crise e muitas pessoas ficaram desempregadas. Não são todos que sabem trabalhar com máquinas”, disse ele.

A maioria dos migrantes que chegou à região com ele na década de 80 foi embora, por não aguentar a extensa jornada de trabalho. “Não reclamo da cana, ela me deu o que tenho. Mas não é para todos.”

Como ele, Expedito Juarez da Silva, 48, deixou Alagoas em 2003 em busca de uma vida melhor. Viajou com o amigo Marcos Soares da Silva, 35, para Dobrada, cidade também da região de Ribeirão Preto.

“As usinas que existiam no Nordeste foram fechando ou não pagavam direito. Achamos emprego aqui e aqui estamos, apesar das dificuldades”, disse Expedito.

O principal problema do campo hoje, segundo ele, é a baixa oferta de emprego. “Usinas que empregavam mais de 20 equipes hoje têm três ou quatro”, disse.

Por causa da redução, nem sempre Francisco Mariano, 43, consegue trabalho nas lavouras de cana. Pernambucano, desde o ano 2000 deixa seu Estado para trabalhar na safra em Dobrada.

Mas nos últimos anos a rotina foi alterada, com o avanço das colheitadeiras de cana. “Está muito ruim de serviço”, afirmou.

MUDANÇAS SOCIAIS

Sem novos migrantes, acabaram também os enormes alojamentos que abrigavam trabalhadores rurais nas fazendas e o foco da Pastoral do Migrante mudou.

Após trabalhar 26 anos com migrantes em cidades como Dobrada e Guariba, além de Fernandópolis, a irmã Inês Facioli foi transferida para a capital do Estado, para atender imigrantes bolivianos, paraguaios e peruanos.

Além dela, padres que atuavam em Guariba foram transferidos para outras regiões.

“Mudou o foco da Pastoral do Migrante. A imigração hoje é mais forte. Quem migra no próprio país se sente mais seguro, mais perto da família. Já quem vem de outro país tem insegurança, medo, fora a questão de documentação, o receio de se sentir irregular. Em comum há o desejo de uma vida melhor”, disse a religiosa.

O trabalho da pastoral, muitas vezes, era feito nos alojamentos mantidos pelas usinas de açúcar e etanol para os migrantes. Esses locais também foram desativados com o avanço da mecanização.

A usina Bonfim, em Guariba, chegou a ter 14 alojamentos em 1983, no auge da migração, com capacidade média de 400 pessoas cada um. Hoje não tem nenhum em operação.

Esses migrantes passaram a atuar em outros setores, segundo a pastoral e a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, como a citricultura, a construção civil e os frigoríficos.

“Em Fernandópolis, muitos atuaram na ampliação de uma rodovia e, depois, na construção de um conjunto habitacional”, disse Facioli.

Junte-se a nós no WhatsApp!

Toque no botão abaixo e entre no nosso grupo exclusivo do WhatsApp para receber atualizações em primeira mão.

Entrar

Leia Também

Fotos: Saul Schramm AÇÕES DO GOVERNO DE MS
Parceria garante investimentos às comunidades indígenas e ampliação da rede de proteção às mulheres
Joelma Belchior, Comunicação Sejusp AÇÕES DO GOVERNO DE MS
MS em Ação: Caarapó recebe mais de 40 serviços gratuitos a indígenas da aldeia Te'yíkue
FÁTIMA DO SUL - JORGE MERCADO ATACAREJO
Esquenta BLACK FRIDAY no Jorge Mercado tá com tudo abaixo do preço, veja as OFERTAS em Fátima do Sul
GLÓRIA DE DOURADOS DE LUTO
Glória de Dourados se despede de Carlos Djalma Aquino, Paz Oliveira informa velório e sepultamento
FÁTIMA DO SUL DE LUTO
Fátima do Sul se despede da guerreira Elizete da Paz, família informa sobre velório e sepultamento

Mais Lidas

Caminhonete do prefeito de Sonora parou às margens da rodovia (Foto: Idest) ACIDENTE NAS ESTRADAS
Prefeito de cidade de MS e esposa são socorridos após camionete capotar
Vítima caída na avenida após a colisão (Foto: Divulgação)ACIDENTE FATAL
ACIDENTE FATAL: Motociclista sem capacete morre após colisão com poste
GLÓRIA DE DOURADOS DE LUTO
Glória de Dourados se despede de Ivanira dos Santos, Pax Oliveira informa o velório e sepultamento
Aldo conduzia um veículo Gol com destino ao distrito de Indápolis; / Leandro Holsbach/Alerta DouradosPolicial
Homem que planejava atentado contra família morre em confronto com a polícia
SEARA - DOURADOS - Emprego na Seara (Foto: Divulgação)EMPREGO
Indústria de alimentos oferece mais de 200 vagas de emprego em Dourados; veja como fazer